INTERNATIONAL MEETING ON ART-SCIENCE

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SNCT 2019 e IX WORKSHOP DE ARTE-CIÊNCIA

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

A VISAO DE UM ASTRONOMO SOBRE UM MONUMENTO ARQUITETONICO EM MARINGA





Apos a realizacao do 1st INTERNATIONAL MEETING ON ART SCIENCE, o Prof. Domingos Soares da UFMG brindou a comunidade com o artigo que reproduzimos abaixo,

A catedral de Maringá e a missão Apolo
Domingos Soares

10 de janeiro de 2011

De 25 a 27 de novembro próximos passados realizou-se na Universidade Estadual de Maringá, PR, dois eventos simultâneos coordenados pelo Prof. Marcos César Danhoni Neves, ex-Secretário Regional da SBPC, reconhecido divulgador da ciência e autor de vários livros de ensino e de divulgação da astronomia. Os eventos foram o I International Meeting on Art-Science e o III Workshop Paranaense de Arte-Ciência.
Não tratarei aqui destes extraordinários eventos, que contaram com o apoio da SBPC e do governo do Paraná, mas de algo que ocorreu durante a minha estada em Maringá, por ocasião dos mesmos, e que, como veremos, está com eles muito relacionado.
Recebi o honroso convite do Marcos para participar de uma das mesas redondas com a apresentação de uma palestra intitulada “Uma nova visão do universo”, onde abordei os avanços da cosmologia moderna e suas limitações atuais.
O primeiro personagem da estória aparece no caminho entre o aeroporto e o hotel. Marcos chamou a minha atenção para a Catedral Basílica de Maringá cuja construção de forma cônica é monumental e nos causa admiração. Imediatamente fiz o propósito de visitá-la, assim que terminasse as obrigações que haviam me levado a Maringá.
Na visita, admirei o edifício e a minha primeira curiosidade foi a respeito da altura da construção. Um funcionário da igreja me informa: são 114 metros de construção mais 10 metros de uma cruz assentada sobre o vértice do cone, totalizando 124 m! O diâmetro externo da construção, na base, é de 50 m.
Imediatamente veio à minha mente a missão Apolo, aquela que levou o homem pela primeira vez a pisar em solo extraterreno. O foguete Saturno V, propulsor dos módulos lunares, possuía exatamente 110,6 m, incluindo os módulos, e um diâmetro de 10,1 m. Isto era bastante interessante --- pensei ---, pois a catedral serviria de excelente ilustração --- concreta --- da enorme magnitude do foguete necessário para colocar três homens em órbita de nosso satélite natural. A forma da catedral --- como um foguete --- e a sua altura, que quase coincidia com a do gigantesco foguete propulsor das Apolos, eram realmente bastante convenientes para a discussão das enormes energias envolvidas naquelas missões espaciais.
Comentei o caso com o Marcos e ele disse algo que me pareceu surpreendente: “--- Realmente, o projeto arquitetônico da catedral foi inspirado na corrida espacial”.
Confesso --- e o faço com certo constrangimento ---, não acreditei. Corri então ao “pai dos burros” moderno, a internet. E, obviamente, o Marcos estava certo. O projeto arquitetônico era de 1958 e fora inspirado no projeto espacial Sputnik da antiga União Soviética. A inspiração ocorrera a partir da palavra “Poustinikki”, que significa, apropriadamente, “peregrino que se afasta do mundo para ficar mais perto de Deus”. A partir dela, uma simples troca de letras leva a “Spoutinikki”, ou, Sputnik!
A pedra fundamental foi lançada em 15 de agosto de 1958, e a construção prolongou-se de 1959 a 1972.
Podemos dizer que, quase profeticamente, as dimensões da construção prenunciavam as dimensões envolvidas na missão Apolo, que se concretizariam cerca de 10 anos após o projeto da catedral, realizado pelo arquiteto José Augusto Belucci.
Vemos aí um excelente exemplo de diálogo salutar e instigante entre religiosidade, ciência e tecnologia. Um projeto arquitetônico de uma imponente catedral inspirado num, igualmente imponente, projeto científico e tecnológico. E que extrapolando os limites de sua época e inspiração --- os Sputniks --- antecipava a grandiosidade do futuro --- as Apolos.
(fonte - http://www.fisica.ufmg.br/~dsoares/maringa/cat-apo.htm )

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